sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ensino religioso e os valores cristãos

Leanna Scal

O Acordo entre Brasil e Santa Sé estabeleceu, desde 2008, o ensino religioso confessional e plural nas escolas públicas de ensino fundamental de todo o país. Deve-se sublinhar que esse ensino religioso é confessional e, ao mesmo tempo, pluralista, enquanto o Estado oferece aos alunos de todos os credos os ensinos religiosos próprios, em conformidade com sua identidade de fé, e é perfeitamente democrático e leigo, porque só será ministrado aos que, livre e facultativamente, o requeiram.

Recentemente, essa medida tem gerado muita polêmica e parece que vem perdendo seu verdadeiro sentido. No Estado do Rio de Janeiro está regulamentada, mas não no Município. O Prefeito Eduardo Paes fez um projeto de lei, criando 660 vagas para montar um quadro de professores de ensino religioso, mas ainda não foi aprovado na Câmara dos Vereadores.

De acordo com o Bispo Animador do Ensino Religioso nas Escolas, Dom Nelson Francelino, para uma melhor compreensão das questões que envolvem o debate, talvez seja importante que os vereadores do Rio de Janeiro percebam a importância do transcendente e de valores religiosos para a formação do homem, já que a escola tem o papel de desenvolver as várias dimensões do ser humano: afetiva, intelectiva, lúdica, e também a questão transcendental.

— O ser humano se define como ser transcendente. Como omitir isso no processo de formação, dentro de uma pedagogia de crescimento? Uma educação que exclua a questão religiosa é uma educação mutilada e mutiladora, afirmou o Bispo.

Segundo Dom Nelson, o que a Igreja Católica quer é que, respeitando todos os credos e a pluralidade religiosa, seja implementado o ensino religioso plural e confessional. Para ele, negar essa proposta é lutar contra a boa índole do ser humano.

Ao mesmo tempo em que a questão do ensino religioso é discutida, o Ministério da Educação tem o projeto de difundir uma cartilha para o ensino fundamental e médio a respeito do combate à discriminação de origem sexual, ou seja, uma cartilha para evitar que as crianças cresçam com uma visão homofóbica.

Para o Bispo Animador da Pastoral Familiar e da Associação dos Médicos Católicos, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, essa cartilha, também chamada de kit gay, composta por vídeos e textos, não atingirá o objetivo pretendido.

— O primeiro objetivo que essa cartilha vai atingir será incutir na mentalidade das crianças e dos jovens uma outra visão da sexualidade. Sob a aparência de evitar uma discriminação, as pessoas que estão difundindo esse kit gay formarão, na cabeça das crianças, a mentalidade de que toda relação afetiva é válida e comparável a uma relação heterossexual, baseada no verdadeiro amor, disse.

Ao revelar a posição que os pais, educadores e a Igreja devem ter, Dom Antonio alertou que é necessário exigir do Ministério da Educação outra postura, que dê uma demonstração ao respeito à pluralidade cultural que há no Brasil. Segundo ele, não faz sentido apenas criar mentalidades ou manipular a consciência dos jovens para aceitarem um comportamento que está fora da normalidade do amadurecimento da sexualidade humana.

— Muito mais importante, do que ficar criando uma mentalidade em crianças e adolescentes sobre a sexualidade, é dar uma formação no amor para que os jovens desenvolvam uma sexualidade madura, que ultrapasse o plano puramente físico, biológico, emocional, e, então, vejam o especifico dessa relação humana: um relacionamento estável, que seja para o bem da família, da sociedade e da cultura.

Ele explicou que nenhum tipo de discriminação pode ser aceito, porque o ser humano tem uma dignidade natural que foi dada por Deus, já que é imagem e semelhança dele. Então, de acordo com Dom Antonio, não se pode discriminar ninguém nem por cor, nem por opção política, nem opções morais. Mas às crianças se deve dar uma educação que corresponda ao período de formação cultural, moral e psicológica que elas têm.

Nesse contexto, Dom Antonio ressaltou a importância do ensino religioso nas escolas, pois quando uma criança discrimina outra é porque faltou em sua formação o respeito às diferenças.

— A religião infunde nas crianças as bases sobre as quais elas vão crescer e se desenvolver, concluiu.

Fonte: www.arquidiocese.org.br