segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Novas paróquias na Arquidiocese


Nas próximas semanas se­rão instaladas quatro novas paróquias em nossa arquidio­cese, duas no Vicariato Oeste, uma no Suburbano e outra no Leopoldina. Para um futuro não muito distante, outras paróquias deverão ser criadas. Convém, portanto, refletir sobre o assunto.

Em geral, costumamos asso­ciar paróquia a uma igreja onde funciona o que, na realidade, deveríamos chamar de matriz, pois o termo paróquia não se restringe a um prédio. Em geral, identifica um território, com limites bem definidos. Além do território, a paróquia deve ter uma comunidade estavelmen­te constituída, com laços de amizade, conhecimento frater­no, vida litúrgica, catequética, missionária e solidária. É, pois, uma comunidade madura, que, dentro da vida diocesana, ‘anda com as próprias pernas’.

Para a criação de uma paró­quia, o procedimento é simples. Uma paróquia já existente, formada, portanto, por uma co­munidade madura, percebe, em seu trabalho missionário, que tem mais gente morando em de­terminada área, onde a presença da Igreja não é satisfatória. Começam, então, as visitas, ao estilo da Missão Popular, im­plantação de Círculos Bíblicos e outros grupos, missas mensais ou semanais, catequese. Através de todas estas atividades, aquela comunidade vai nascendo e se fortalecendo. No início, ela vive como uma filha que precisa ser cuidada, receber apoio e ajuda até mesmo material. Os termos ajudam um pouco a compreen­der este processo. Paróquia é a área. Nela, estão a matriz, que age como a comunidade mãe, e as filhas. Estas, na linguagem cotidiana, são chamadas de filiais. No linguajar da igreja, são capelas.

Com o passar do tempo e o amadurecimento da pequena comunidade, o pessoal logo se anima e começa a procurar um terreno e construir um salão ou mesmo uma igreja. É um tempo muito gostoso de ser vivido. Festas, almoços comunitários, feiras e tudo mais que a imagi­nação permite. A finalidade é uma só: erguer a “nossa” igre­ja. Junto com o local para as celebrações, devem também existir salas para as reuniões, a catequese e demais grupos. Deve-se igualmente pensar em local para a residência do sacer­dote. Formam-se os conselhos ou comissões para cuidar dos diversos assuntos, tanto no cam­po específico da evangelização quanto na administração. Um dia, o pessoal descobre que a comunidade cresceu. O prédio está pronto, construído com carinho e esmero. Há exemplos em nossa arquidiocese de se chegar ao detalhe de se pensar e construir mesmo a secretaria e a casa paroquial nos mínimos detalhes.

Surge, então, a hora de se reconhecer o crescimento da comunidade. Como se trata de uma capela, o pároco da paróquia que iniciou todo este processo conversa com o vi­gário episcopal e ambos, junto com as comissões e os párocos vizinhos, elaboram uma espécie de requerimento ao arcebispo. Neste requerimento, é preciso mostrar que a comunidade está madura e tem condições de andar por si, tornando-se, então, paróquia. Acolhido pelo arce­bispo, o requerimento é apresen­tado ao Conselho Presbiteral. Formado por representantes do clero de toda a arquidiocese, o conselho examina cada de­talhe, tanto no âmbito pastoral quanto no relativo aos bens materiais, buscando subsídios para responder ao arcebispo que aquela comunidade está realmente madura para se tornar uma paróquia.

Após ouvir o parecer positivo do Conselho Presbiteral, o arce­bispo determina que se faça um documento, chamado Decreto de Criação da Paróquia, e mar­ca, em acordo com os padres mais diretamente envolvidos, a celebração de instalação e início do ministério daquele que foi escolhido para ser o primeiro pároco na nova paróquia. São estas as celebrações que de­verão acontecer nas próximas semanas.

O interessante é observar que, em termos de criação de uma paróquia, nada acontece se não houver a ação missionária dos cristãos que estiverem em de­terminado local. Se eles forem acomodados, felizes com o que já existe, sem a capacidade de olhar para o lado de fora e perce­ber que o bairro está crescendo, que tem gente nova chegando, que a matriz já não comporta tanta gente, que há pessoas residindo muito longe da ma­triz, enfim, se não houver forte perspectiva missionária, todo o restante do processo simples­mente não acontece. Paróquia e missão funcionam bastante integradas. Toda paróquia é, de algum modo, fruto de uma ação missionária, devendo ser igual­mente missionária. É preciso dar aos outros, em especial, aos não atingidos pela presença da Igre­ja, a mesma atenção recebida.

Nos últimos anos, tem cres­cido bastante a convicção de que a paróquia deve ser uma comunidade de comunidades, com a matriz, diversas capelas, locais de culto e outras formas de presença bem próxima dos locais onde as pessoas vivem. Este é, aliás, o sentido do termo paróquia, que podemos traduzir do grego por ao redor da casa ou então perto da casa, junto à casa. Já no 10º Plano de Pastoral, falávamos de descentralização e compreen­díamos este termo de diversos modos. Um destes modos era exatamente a descentraliza­ção comunitária, superando a concepção de que tudo acon­tece num único prédio. Agora, nestes tempos de elaboração do 11º PPC, um dos grandes desafios consiste exatamente em colocar em prática este compromisso de sermos uma diocese com muitas paróquias e todas as paróquias com muitas comunidades, num processo intenso, vivo e fe­cundo de geração contínua de comunidades.

Fonte: Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro