terça-feira, 22 de maio de 2012

Comunicadores discutem o silêncio



Nice AffonsoA+ a-ImprimirAdicione aos FavoritosRSSEnvie para um amigo

No último sábado, 19 de maio, cerca de 200 profissionais de comunicação do Rio de Janeiro estiveram reunidos com o Arcebispo Metropolitano, Dom Orani João Tempesta, para aprofundar conhecimentos sobre “Silêncio e Palavra”. O Encontro de Comunicadores, promovido pelo Vicariato para a Comunicação Social desta Arquidiocese, proporcionou reflexão e diálogo sobre a mensagem escrita pelo Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações.

— A meditação nunca perdeu o seu lugar na Igreja, e o Papa tem buscado mostrar a importância de se recuperar o tempo de silêncio. Porque quanto mais refletimos sobre um assunto, mais ele é aprofundado e melhor podemos falar dele. (...) E, além disso, faz parte da natureza humana colocar em ordem tanto a cabeça quanto o coração, enfatizou Dom Orani na abertura do evento.

O Vigário Episcopal para a Comunicação Social, Cônego Marcos William Bernardo, lembrou aos participantes do encontro que uma das grandes maravilhas do mundo moderno é a comunicação. E, citando vários filósofos, pontuou que o silêncio é fundamental para o homem, porque é quando ele cala que interioriza e passa a conhecer melhor a si mesmo e a Deus.

— O silêncio é a preparação para a expressão. O silêncio chama à autenticidade. Não há palavra sem silêncio. (...) O silêncio pode ser período de reflexão, de discernimento. Nele, o homem se descobre como expressão do amor de Deus. O silêncio é uma condição do ser, ensinou o Sacerdote.

A mesa de reflexões foi composta pela chefe de redação dos telejornais locais da Rede Globo, jornalista Denise Sobrinho, pelo publicitário Carlos Pedrosa e pelo crítico de cinema e coordenador de pós-graduação do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, Miguel Pereira. Eles abordaram o tema sob o prisma de cada respectiva área profissional.

— Por causa da revolução tecnológica e digital, e também com a existência das redes sociais, é um desafio, hoje, a gente confirmar se as informações são verdadeiras antes de lançá-las ao público. Refletir eticamente é também silêncio, frisou Denise Sobrinho.

— Há a necessidade do domínio do humano sobre o tecnológico, ou seja, temos que pensar que os computadores e toda a tecnologia não refletem, não têm sentimento e nem emoções. Então, esta ocasião me leva a concluir que é necessário o resgate dos sentimentos, os quais você só consegue perceber a partir do silêncio. O silêncio tem que preceder a palavra, porque a palavra não pode vir antes do silêncio, porque é no silêncio que você vai escolher as palavras certas, a partir das suas emoções, destacou Carlos Pedrosa.

O crítico de cinema e professor da PUC expressou até mesmo o seu desejo de auxiliar a Igreja nesse processo de aproximação e evangelização dos profissionais que atuam na imprensa secular:

— Eu teria muito prazer em ajudar a realizar uma pastoral da comunicação, porque nós precisamos começar a nos preocupar também com aqueles que estão à frente, na mídia. Isso, inclusive, faria com que eles se sentissem ainda mais engajados e atuantes na Igreja, disse Miguel Pereira.

A exposição fotográfica sobre fé, silêncio e palavra, dos fotógrafos Gustavo de Oliveira e Guilherme Silva, apresentou o tema sob o ponto de vista da imagem, com registros que chamaram a atenção dos que a prestigiaram.

— Eu achei os pontos de vista dos fotógrafos bastante interessantes. Os fotógrafos trabalharam com imagens de diversos eventos realizados na Arquidiocese durante as últimas décadas. A oração dos fiéis, as devoções populares, os sacramentos, os trabalhos sociais... Todas essas imagens ao serem retratadas na exposição me fizeram perceber o quanto é importante silenciar para reconhecer, a cada momento, a presença de Deus e assim comunicar plenamente a mensagem do Evangelho, partilhou o jornalista Raphael Freire.

Para o coordenador arquidiocesano da Pastoral da Comunicação, Padre Márcio Queiroz, o saldo do Encontro de Comunicadores foi bastante positivo, possibilitando perceber o silêncio como ocasião para a reflexão, o autoconhecimento e o encontro com a vontade de Deus:

— Diante da mensagem do Papa e das abordagens que foram feitas, eu vejo o quanto a gente tem que valorizar a nossa interiorização da palavra. Que a gente saiba entender que, muitas vezes, o silêncio não é uma covardia, mas um ato sábio de quem busca em Deus uma orientação, uma resposta para a sua vida e até mesmo para iluminar a sociedade, o mundo, já que o próprio Cristo nos disse que somos luz do mundo, lembrou.

O evento aconteceu na Igreja Sagrado Coração de Jesus, na Glória, com início marcado pela Missa em intenção de todos os comunicadores sociais – transmitida ao vivo para todo o Brasil pela Rede Vida —, que foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano. Ao término do encontro, os comunicadores vivenciaram um almoço de confraternização.

* Fotos: Gustavo de Oliveira
* Fonte: http://www.arquidiocese.org.br/