terça-feira, 14 de outubro de 2014

Evangelho: Jesus na casa de um fariseu

Lc 11,37-41


Enquanto Jesus estava falando, um fariseu o convidou para jantar em sua casa. Jesus foi e pôs-se à mesa. O fariseu ficou admirado ao ver que ele não tinha feito a lavação ritual antes da refeição. O Senhor disse-lhe: “Vós, fariseus, limpais por fora o copo e a travessa, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós ”.

COMENTÁRIOS

Crítica à hipocrisia que seduz e engana.

Não obstante as duras críticas que Jesus faz aos fariseus (Mt 23), havia entre ele e, ao menos, um certo grupo de fariseus, simpatia e apreço. Não é a primeira vez que Jesus é convidado para uma refeição na casa de um fariseu (7,36ss). Nessas ocasiões Jesus aproveita para ensinar. Os fariseus não são, apesar dos rótulos que lhes impõem, pessoas más; eles acreditam viver fielmente sua religião através do apego ao rigorismo da lei e das tradições de seus antepassados. No entanto, a rigidez obsessiva e escrupulosa os cega, inclusive para a finalidade última da Lei de Deus, que é a vida e a liberdade do ser humano. Esse modo de entender e cumprir a Lei os leva a excluir as pessoas, impedindo-os de olhar os outros com misericórdia (cf. Os 6,6). A atitude de Jesus de não lavar as mãos, como prescrito pelo preceito, antes das refeições causa admiração no fariseu que o convidou (v. 38). O fato de estar na casa do fariseu não inibe Jesus de criticar o desvio na compreensão e prática dos mandamentos da Lei de Deus. No evangelho de hoje, a crítica é à hipocrisia que seduz e engana e que, aqui, é entendida como oposição entre interior e exterior. O verdadeiro tesouro que deve ser partilhado é o bem que Deus mesmo colocou no coração do ser humano. A esmola, como dom de si mesma, é muito mais importante que as regras de pureza ritual (cf. Tb 4,8.11; Is 58,3ss; 1Pd 4,8).
Carlos Alberto Contieri, sj