Companheiros e Companheiras,
Comemoramos
hoje O DIA DO TRABALHADOR. Dia em que nos lembramos de todos os que constroem o
futuro e a riqueza da nação, mas que muitas vezes vivem sem esperança e sem
futuro.
A
Igreja celebrando a Festa de são José Operário quer reafirmar a DIGNIDADE E A
GRANDEZA do trabalho e da pessoa humana.
Já estamos 128 anos distantes dos
acontecimentos que deram origem ao DIA MUNDIAL DO TRABALHO. Os anseios de
ontem: trabalho, moradia, educação e saúde dignos, ainda são os anseios de hoje.
É preciso que se dê dignidade ao ser humano como pessoa, criada por Deus.
A ganância, a corrupção e a compra da
consciência das pessoas continua a se perpetuar nas estruturas injustas e
desumanas da sociedade. O Beato João Paulo II já nos alertou sobre o mal
produzido pela realidade econômica que subordina a pessoa humana e condiciona o
desenvolvimento dos povos às regras cegas do mercado. Isto impõe pesado fardo
aos menos favorecidos que continuam a viver sob viadutos e praças sem
perspectivas quer de trabalho, quer de moradia.
O desemprego, a cada dia mais acentuado
ainda que os números pareçam dizer o contrário, é, muitas vezes, fruto do
egoísmo e da falta de investimento de pessoas e estruturas que visam o lucro acima
de tudo.
A escassez de moradia, o transporte
precário, a educação e a saúde abandonadas, são fruto da falta de investimento
ao longo de décadas de abandono pelo poder público. Tudo isto gera uma
sociedade sem esperança, esmagada pela opressão da propaganda, da moda e dos
formadores de opinião pública, sem grandes perspectivas.
De um lado a
distribuição desigual e injusta dos meios econômicos que continuam a gerar
enormes conflitos. Do outro, o dinheiro desviado pela corrupção e superfaturação,
conforme nos é noticiado todos os dias, que deixa de gerar empregos e condições
de vida digna para nosso povo.
A
situação dos trabalhadores, diante de um sistema econômico concentrador de
riquezas é cada vez mais humilhante e incompatível com a dignidade da pessoa
humana, deixando à margem do processo produtivo milhões de cidadãos. Cada dia o mundo esquece que, tanto necessitamos do trabalho como
garantia do necessário para a sobrevivência, quanto ele é imprescindível para a
realização completa da pessoa humana, que sem trabalho, perde sua dignidade e
um pouco da sua humanidade. E, junto a tudo isso, a
violência urbana presente em nossas cidades e comunidades que vai tirando a
vida de centenas de pessoas a cada ano.
As
eleições mais uma vez se aproximam e já visualizamos uma verdadeira caça ao
voto dos eleitores, falando das maravilhas feitas pelos candidatos. São muitas
promessas, nem sempre cumpridas. O estranho é que nunca há recursos públicos
para atender às carências nas áreas da saúde, da educação e da habitação para a
população de baixa renda, mas, sempre há recursos para a propaganda nesses e noutros
momentos.
De todos os corações humanos
brota um clamor pedindo Paz ao Deus da Vida, para que possamos experimentar
a esperança concretizada no trabalho de tantas pessoas que se organizam para
trazer dignidade aos desempregados, à população de rua, aos marcados pelo
flagelo da droga, e tantos outros seres humanos que nossa sociedade muitas
vezes exclui.
Saudamos a todos os
trabalhadores e trabalhadoras com um forte abraço fraternal no Cristo
Ressuscitado, penhor de vida nova, e conclamamos todos a viver a realidade do
trabalho à LUZ DO EVANGELHO.
Assinam esta carta as Pastorais Sociais da
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.