sábado, 6 de setembro de 2014

Evangelho: O Senhor do sábado


Lc 6,1-5


Num sábado, Jesus estava passando pelas plantações de trigo, e os discípulos arrancavam as espigas, debulhavam e comiam. Alguns fariseus disseram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?” Jesus respondeu-lhes: “Nunca lestes o que fez Davi, quando ele teve fome, e seus companheiros também? Ele entrou na casa de Deus, pegou os pães da oferenda, comeu e ainda deu aos seus companheiros esses pães, que só aos sacerdotes era permitido comer”. E acrescentou: “O Filho do Homem é Senhor também do sábado”.

COMENTÁRIOS

O sábado ponto de controvérsia.

O descanso sabático está no centro da controvérsia de Jesus com os fariseus. O que predominam, segundo os evangelhos, na visão dos fariseus sobre o sábado, são as interdições. Fica esquecida a finalidade primeira do sábado: recordando o dom da vida e de toda criação e os sofrimentos da escravidão do Egito, da qual o povo foi libertado por Deus, deviam imitar a misericórdia de Deus (Lc 13,15-16). Diante do rigorismo legalista, a concepção do sábado como dom de Deus (Ex 16,29), para fazer a memória do dom da vida e da liberdade, praticamente desaparece. Para os fariseus, arrancar espigas para comê-las, no dia de sábado, era transgredir o descanso sabático. No entanto, a Torá permite a colheita de espigas contanto que não se utilize a foice (Dt 23,36). À objeção dos fariseus, Jesus responde recorrendo ao exemplo de Davi (1Sm 21,1-10). A fome e a necessidade de manterem a vida em boas condições justificaram a atitude do monarca. O exemplo de Davi é um exemplo de peso que justifica e ilustra a defesa que Jesus faz da atitude dos seus discípulos. No novo tempo da presença do Senhor que assumiu a nossa humanidade, o sábado é tempo privilegiado de manifestação do seu poder salvador.

Carlos Alberto Contieri, sj