quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

“Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado”




Por Raphael Freire

Um momento singular não só na história do mundo, mas na vida de todos os homens de boa vontade. Emoção, escuta e agradecimento foram os sentimentos que todas as pessoas, em especial os católicos, sentiram no coração ao acompanharem pessoalmente ou através dos meios de comunicação a última Audiência Geral do pontificado do Papa Bento XVI, realizada excepcionalmente nesta quarta-feira, 27 de fevereiro, na Praça de São Pedro, no Vaticano, onde o Papa pôde se despedir dos fiéis.

Visivelmente emocionado, Bento XVI deu um amplo giro com o papamóvel pela Praça de São Pedro e após a leitura da carta de São Paulo dirigiu sua palavra aos cardeais – que mesmo antes da convocação para o Conclave se fizeram presentes na audiência –, bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos (as) e fiéis de todas as partes do mundo, vivenciando de modo muito concreto o quanto é amado por todos.

— Obrigado por terem vindo, obrigado de coração. Estou comovido e vejo uma Igreja viva. Temos que agradecer também ao Criador por esse tempo bonito que Ele nos deu. Assim como ouvimos no Evangelho do apóstolo Paulo, eu também agradeço a Deus que guia a Igreja. Neste momento, meu coração se expande e abraça toda a Igreja pelo mundo. Sinto elevar todos na oração para confiar-nos ao Senhor e para que possamos também nos comportar de maneira digna D’Ele, produzindo frutos em cada obra boa, disse o Pontífice, sempre aplaudido pela multidão.

Mais do que uma Audiência Geral, um momento de fé e emoção. quando as pessoas puderam ouvir uma catequese única, inédita e basicamente em primeira pessoa. Assim foi o discurso do Papa Bento XVI, que fez um relato franco sobre a experiência de seu pontificado, iniciado em 19 de abril de 2005.

— O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas também momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja. (...) Amar a Igreja significa também ter a valentia de tomar decisões difíceis, tendo sempre presente o bem da Igreja, e não o de si próprio. Minha decisão de renunciar ao ministério petrino não revoga a decisão que tomei em 19 de abril de 2005. Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado, sigo a seu serviço no recinto de São Pedro, ressaltou o Papa.

Logo após o discurso, o Santo Padre fez um resumo de suas palavras em 
diversos idiomas, dentre eles, a língua portuguesa. Bento XVI concedeu ainda a bênção apostólica a todos os presentes, extensiva aos seus familiares, doentes e crianças.