sexta-feira, 8 de abril de 2011

Evangelizar a todos: missão que não pode parar

De acordo com informações veiculadas pela grande imprensa nos últimos dias, a partir de setembro a TV Brasil suspenderá a transmissão dos programas religiosos que constam em sua grade. A argumentação apresentada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estatal que opera a emissora, afirma a necessidade de uma programação religiosa plural. O texto, aprovado no último dia 22 de março, conforme a Secretaria Executiva do Conselho Curador da emissora, pretende retirar do ar dois programas católicos, “Santa Missa” e “Palavras de Vida”, e o programa evangélico “Reencontro”. Para o diretor dos programas católicos, Padre Dionel Amaral, a decisão fere o direito à liberdade religiosa. - Nos termos dos considerandos, o Estado é laico para cuidar do direito dos seus cidadãos. Ele está a serviço dos seus cidadãos, e não os cidadãos a serviço do Estado. Assim, é importante a gente lembrar que um dos direitos fundamentais da pessoa é justamente a sua liberdade religiosa. (...) Temos que pensar também nos que estão impossibilitados de ir às igrejas, destacou o Sacerdote. Conforme o acordo firmado entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé — tratado internacional, reconhecido pela Constituição Federal, que ajuda a entender a Igreja Católica como de direito público— a Instituição cristã goza da plena faculdade para que exerça a missão de levar a sua mensagem aos mais necessitados: “A Igreja Católica, em vista do bem comum da sociedade brasileira, especialmente dos cidadãos mais necessitados, compromete-se, observadas as exigências da lei, a dar assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimentos de saúde, de assistência social, de educação ou similar, ou detidos em estabelecimento prisional ou similar, observadas as normas de cada estabelecimento, e que, por essa razão, estejam impedidos de exercer em condições normais a prática religiosa e a requeiram.

A República Federativa do Brasil garante à Igreja Católica o direito de exercer este serviço, inerente à sua própria missão.” (Artigo 8º) O acordo foi assinado pelo Brasil e a Santa Sé no dia 13 de novembro de 2008. Em 2009 ele foi discutido na Câmara, que o ratificou no dia 27 de agosto, e no Senado, que também o aprovou no dia 7 de outubro. A promulgação foi assinada pelo Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, em 11 de fevereiro de 2010. O ato do presidente foi divulgado na edição do dia 12 de fevereiro de 2010, no Diário Oficial da União. Para o Padre Amaral, a posição assumida pela empresa pública, no que diz respeito à abertura para outras religiões, é válida, mas é necessário que haja critérios para que este passo seja dado sem que haja um bloqueio ao trabalho que já é feito por católicos e evangélicos. — Assim como nós temos a propaganda eleitoral para todos os partidos, por que a TV pública não abre espaço também para os outros credos? Pode abrir, é claro. Mas parece justo que o faça sem retirar do ar os programas que já existem e que as novas inserções sejam feitas conforme a representatividade de cada credo, levando também em consideração que 75% da nossa população é católica e 95% cristã, destacou o sacerdote. A Igreja Católica tem o espaço na emissora, antiga TV Educativa, desde 1975, quando teve início o programa “Palavras de Vida”. “Santa Missa” começou a ser exibido a partir de 1989. Já o programa evangélico é veiculado desde 1972. Para o Pastor Flávio Lima, diretor e apresentador do “Reencontro”, o espaço que católicos e evangélicos têm na TV pública é muito importante para a evangelização, a informação e a educação do público. — Hoje, a secularização é muito forte e tem atrapalhado a fé das pessoas. Nosso trabalho cristão de levar a mensagem de Deus através da TV tem ajudado muita gente, em diversas áreas da vida. Não são poucos os testemunhos de recuperação das drogas, por exemplo, citou o Pastor. Os representantes dos dois credos, responsáveis pelos três programas religiosos exibidos pela emissora, afirmaram que esperam que a decisão seja revista. Para tal, contam com a mobilização popular e também com o apoio da Presidente Dilma Rousseff.

* Foto: Carlos Moioli
*Fonte: Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro