quinta-feira, 12 de junho de 2014

Evangelho: A justiça maior

A justiça maior 


Mt 5,20-26

“Eu vos digo: Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'. Eu porém vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão:'patife!' será condenado pelo tribunal; quem chamar seu irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno. Portanto, quando estiveres levando a tua oferenda ao altar e ali te lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então, vai apresentar a tua oferenda. Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo."

COMENTÁRIOS

Requisitos para a reconciliação.
“Justiça”, aqui, é o modo de agir em conformidade com os mandamentos de Deus. Qual é o agir diferenciado exigido dos discípulos que permite entrar no Reino de Deus? Qual é a justiça maior que a dos escribas e fariseus? Essa “justiça maior” é formulada em seis antíteses” (vv. 21-26; 27-30; 31-32; 33-37; 38-42; 43-47). A primeira antítese, que diz respeito ao nosso texto de hoje, é um modo de retomar e explicitar a bem-aventurança da mansidão (5,4). A lei diz muito mais do que não matar. É preciso ver nesse mandamento, que preserva a vida do semelhante, a proibição de utilizar títulos ofensivos contra o irmão. Daí que para essa primeira antítese não se trata somente da interdição do homicídio ou fratricídio (Ex 20,3; Dt 5,7), mas de toda ofensa moral contra o irmão explicitada pela tríade: raiva, imbecil e louco. As duas sentenças sobre a reconciliação exprimem a atitude requerida dos discípulos e de toda comunidade cristã. O que é requerido de quem vai apresentar a oferta a Deus é a consciência do mal cometido contra alguém ou, então, do mal cometido por alguém contra ele. Num e noutro caso, a atitude requerida é a disposição para a reconciliação. A comunidade cristã é uma comunidade de reconciliados.

Carlos Alberto Contieri, sj