quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A CÁTEDRA DE PEDRO - DOM ORANI JOÃO TEMPESTA

No próximo dia 22 de fevereiro, iremos celebrar a festa da Cátedra de Pedro. Cátedra significa o símbolo da autoridade e do magistério. Sinal de quem preside. É daí que se origina a palavra catedral, a igreja-mãe da diocese. Estabeleceu-se, então, a Cátedra de São Pedro para marcar sua autoridade sobre toda a Igreja, inclusive sobre os outros apóstolos, do sucessor do Apóstolo Pedro, o Santo Padre. São Pedro foi o escolhido por Jesus Cristo para presidir aos demais. Recebendo a incumbência de se tornar a pedra sobre a qual seria edificada Sua Igreja, Pedro assumiu seu lugar de líder, atendendo a vontade explícita de Jesus, que lhe assinalou a tarefa de "pascere", isto é, guiar o novo povo de Deus – a Igreja.

         A Cátedra de São Pedro encontra-se no Vaticano, na Basílica de São Pedro. Embora a Sé Episcopal de Roma seja na Basílica de São João de Latrão, a catedral de todas as catedrais, a cátedra de Pedro com todo o seu simbolismo se encontra na Basílica de São Pedro.

Fundamenta-se na Sagrada Escritura a autoridade do Papa: encontramos no Evangelho de São Mateus, no capítulo 6, essa pergunta que Jesus fez aos apóstolos e continua a fazer a cada um de nós: “E vós, quem dizei que eu sou?” São Pedro, em nome dos apóstolos, pode assim afirmar: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus então lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne, nem o sangue que te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus, e eu te declaro: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; eu te darei a chave dos céus, tudo que será ligado na terra será ligado no céu, e tudo que desligares na terra será desligado nos céus”.    
    
         Nosso Senhor Jesus Cristo foi quem escolheu São Pedro para ser o primeiro Papa da Igreja e o capacitou, pelo Espírito Santo, com o carisma chamado da infalibilidade.

         São Pedro, fiel à ordem recebida do Mestre, trabalhou pela propagação da doutrina do Messias. Depois de ter fundado diversas Igrejas na Palestina e na Ásia Menor, dirigiu os passos para Roma, à época capital do Império Romano.

          São Pedro foi martirizado em Roma, precisamente aonde se construiu a Basílica Vaticana, nas colinas vaticanas. Reafirmamos nossa irrestrita adesão ao ministério do sucessor de Pedro, o amado Papa Francisco, e professamos que em matéria de fé e de moral a Igreja é infalível e o Papa, portando esse carisma da infalibilidade, ensina a verdade fundamentada na Sagrada Escritura, na Sagrada Tradição e a serviço como Pastor e Mestre.

         São Bernardo usa a expressão “Santa Sé Apostólica” para se referir à pessoa do Papa, e afirma que a infalibilidade é privilégio “da Sé Apostólica”. Escutamos ressoar as palavras de Jesus ao Príncipe dos Apóstolos: “Eu roguei por ti a fim de que não desfaleças; e tu, por tua vez, confirmas teus irmãos” (Lc 22,32).

         Na Exortação Apostólica Pastores Gregis, Sua Santidade João Paulo II afirma que na Cátedra de Pedro se encontra “o princípio perpétuo e visível, bem como o fundamento da unidade da fé e da comunhão”.

         O Papa Emérito Bento XVI ensinou que: "A Cátedra de Pedro evoca outra recordação: a conhecida expressão de Santo Inácio de Antioquia que, na sua Carta aos Romanos, designa a Igreja de Roma como «aquela que preside à caridade» (Inscr.: PG 5, 801). Com efeito, o fato de presidir na fé está inseparavelmente ligado à presidência no amor. Uma fé sem amor deixaria de ser uma fé cristã autêntica. Mas as palavras de Santo Inácio contêm ainda outro aspecto, muito mais concreto: de fato, o termo «caridade» era usado pela Igreja primitiva para indicar também a Eucaristia. Efetivamente, a Eucaristia é Sacramentum caritatis Christi, por meio do qual Ele continua a atrair a Si todos nós, como fez do alto da cruz (cf. Jo 12, 32). Portanto, «presidir à caridade» significa atrair os homens num abraço eucarístico – o abraço de Cristo – que supera toda a barreira e estranheza, criando a comunhão entre as múltiplas diferenças. Por conseguinte, o ministério petrino é primado no amor em sentido eucarístico, ou seja, solicitude pela comunhão universal da Igreja em Cristo. E a Eucaristia é forma e medida desta comunhão, e garantia de que a Igreja se mantém fiel ao critério da tradição da fé".

         O Papa Francisco, como bispo de Roma, tem demonstrado que a vivência da comunhão passa pelo amor e pela caridade. Nós nos unimos ao Sumo Pontífice, sucessor do Apóstolo São Pedro, e pedimos que em nossa Arquidiocese se reze muito pelo Santo Padre e pelo seu ministério petrino da unidade em todas as missas do dia 22 próximo, externando nossa proximidade espiritual e a nossa adesão ao seu magistério.

         Que o exemplo e a vida do Papa Francisco, assim como São Pedro, seja para todos o compromisso de testemunhar o Senhor Ressuscitado e, como batizados, anunciar a boa notícia da salvação.
        

        † Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ