Jo 15,1-8
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A liturgia da palavra deste domingo do tempo pascal nos convida a uma união profunda com o Senhor, a fim de produzirmos frutos. Os capítulos 13 e 14 e os capítulos 15 e 16 possuem de tal forma temas recorrentes, que os capítulos 15 e 16 parecem ser quase uma duplicata dos dois capítulos precedentes. Seja como for, para o leitor habitual do evangelho essas repetições servem para aprofundar temas importantes do quarto evangelho. O nosso texto de hoje é uma alegoria. A afirmação do v. 1 parece apresentar a possibilidade de haver uma “videira falsa”. No entanto, o evangelho não informa explicitamente ao leitor do que, propriamente, se trata e o que seria essa videira falsa. Jesus é o tronco ao qual os ramos, símbolo dos discípulos, estão ligados. Ligados à videira é que os ramos recebem a seiva que possibilita produzir bom fruto. Somente a videira pode dar vida aos ramos; somente Jesus pode dar verdadeira vida aos discípulos que nele produzem os frutos. Daí o apelo de Jesus para que os discípulos “permaneçam” nele. Nesses poucos versículos, o verbo “permanecer” aparece oito vezes. Com isso é apresentado o tema importante do trecho que estamos considerando: trata-se de aceitar se deixar in-habitar por Jesus e por sua palavra e viver a vida nele. A fecundidade de nossa vida depende de nossa união com o Senhor através da oração. É através desse encontro pessoal que o Senhor nos “poda”, nos purifica para que possamos produzir ainda mais frutos. Mas qual é o fruto esperado do discípulo que permanece unido a Cristo? Embora o trecho de hoje não nos diga explicitamente, podemos concluir a partir de outros textos que é o amor que deve ir além das palavras para se concretizar em obras e em verdade (cf. 1Jo 3,18). Santo Inácio de Loyola diz que “o amor se põe mais em gestos que em palavras”. O Filho está profundamente unido ao Pai, por isso ele faz o que ele vê o Pai fazer (cf. Jo 5,19-20). Nossa participação na ação de Jesus é a realização do amor: “permanecei no meu amor”, diz Jesus (Jo 15,9). Se o amor humano é portador de fecundidade, o amor divino o é muito mais. Ele produz obras boas, que iluminam e dão sentido a toda a existência humana.
Pe. Carlos Alberto Contieri
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