terça-feira, 5 de agosto de 2014

Evangelho: Jesus e a tradição dos judeus.

Mt 15,1-2.10-14


Alguns fariseus e escribas vindos de Jerusalém dirigiram-se a Jesus perguntando: “Por que os teus discípulos desobedecem à tradição dos antigos? Eles não lavam as mãos quando vão comer!” Jesus chamou a multidão e disse: “Escutai e compreendei. O que torna alguém impuro não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca, isso é que o torna impuro”. Então os discípulos se aproximaram e disseram a Jesus: 'Sabes que os fariseus ficaram escandalizados ao ouvir as tuas palavras?' Jesus respondeu:'Toda planta que não foi plantada pelo meu Pai celeste será arrancada. Deixai-os! São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego,os dois cairão no buraco.

COMENTÁRIOS

A cegueira é falta de compreensão do desígnio salvífico de Deus.

Trata-se de uma controvérsia entre os fariseus e os escribas, de uma parte, e Jesus de outra. Objeto da controvérsia é a regra de pureza que os discípulos de Jesus não cumprem ao comer sem lavar as mãos. “Tradição dos antigos” refere-se aos costumes que se pretende fazer remontar aos tempos de Moisés e cuja codificação escrita se dará por volta do ano 200 d.C., na Mishnah. Lavar as mãos não era uma questão de higiene pessoal, mas um gesto de purificação ritual com a finalidade de eliminar eventuais impurezas contraídas do contato com coisas imundas. Ao invés de responder diretamente a questão posta por seus opositores, Jesus interpela a multidão a compreender o essencial: não é a pureza ritual, externa, que importa, mas a pureza moral, o coração, a coerência da vida e da prática da religião. O v. 13, inspirado por Is 60,21, é um convite à paciência (cf. Mt 13,24-30), pois o que não é de Deus não permanecerá. O apego à tradição dos antigos, com a convicção de que isso os salvaria, faz dos fariseus guias cegos. Essa crítica Deus já fazia contra os responsáveis do povo (Is 29,9-12). A cegueira é falta de compreensão do desígnio salvífico de Deus.

Carlos Alberto Contieri, sj