quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os três reis que vieram do Oriente



A festa da epifania ("Epifania: a manifestação do Senhor)tem sua origem na Igreja do Oriente. Nasceu contemporaneamente como resposta à celebração solar pagã substituída pela festa cristã.
A palavra epifania significa a manifestação de Jesus que se dá a conhecer a todos os homens de todas as raças e nações. Essa manifestação de Jesus se dá em três acontecimentos: A epifania dos Reis Magos (Mt 2, 1-12); a de São João Batista no rio Jordão e a epifania de Jesus a seus discípulos no início de sua vida pública. A que mais celebramos é a epifania dos Reis Magos, no dia 06 de janeiro de cada ano (no Brasil a Solenidade é transferida para o Domingo mais próximo do dia 6 de janeiro).
A festa da epifania tem sua origem na Igreja do Oriente. Nasceu contemporaneamente como resposta à celebração solar pagã substituída pela festa cristã. É uma festa um pouco posterior à do Natal. Enquanto no Oriente a epifania é a festa da Encarnação, no Ocidente se celebra com esta festa a revelação de Jesus ao mundo pagão através da adoração dos Reis Magos (Mt 2 1-12), como símbolo do reconhecimento do mundo pagão de que Cristo é o salvador de toda a humanidade.
De acordo com a tradição da Igreja do século I, estes magos são como homens poderosos e sábios, possivelmente reis de nações do leste do Mediterrâneo, homens que por sua cultura e espiritualidade cultivavam seu conhecimento do homem e da natureza esforçando-se especialmente para manter um contato comDeus. Da passagem bíblica sabemos que são magos, que vieram do Oriente e que como presente trouxeram incenso, ouro e mirra. A tradição dos primeiros séculos nos diz que foram três reis sábios: Belchior, Gaspar e Baltazar. Até o ano de 474 d.C. seus restos estiveram na Constantinopla, a capital cristã mais importante no Oriente; em seguida foram trasladados para a catedral de Milão (Itália) e em 1164 foram trasladados para a cidade de Colônia (Alemanha), onde permanecem até nossos dias.
Trazer presentes às crianças no dia 6 de janeiro corresponde à comemoração da generosidade que estes magos tiveram ao adorar o Menino Jesus e trazer-lhe presentes levando em conta que “o que fizerdes a cada um destes pequenos, a mim o fazeis” (Mt. 25, 40).
Na Alemanha existe até hoje a bela tradição dos “Cantores de Reis”, que passam de casa em casa, cantando canções e recitando poesias. Normalmente são bem acolhidos e, no final, todos procuram contribuir com uma generosa oferta para que menos crianças no mundo sofram de fome e sede de Deus. No Brasil existem também muitas tradições, porém, penso que seria o momento de cristianizá-las sempre mais e, sobretudo, pensar em fazer algo mais para as nossas crianças abortadas, abandonadas e mal-formadas, para que tenham melhores condições de vida e dignidade.
A liturgia da epifania do Senhor fala da luz de Cristo que se acendeu na Noite Santa: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor…” (Is 60,1). A mesma luz que conduziu os pastores à gruta de Belém indica o caminho, no dia da epifania, aos Magos que vieram do Oriente para adorar o Rei dos Judeus, e brilha para todos os homens e povos que aspiram a encontrar Deus. Na nossa busca espiritual, nós dispomos naturalmente de uma luz que nos guia: é a razão, graças à qual mesmo tateando podemos orientar-nos (cf. Act 17, 27), para o seu Criador. Mas dado que é fácil perder o caminho, Deus mesmo nos veio em socorro com a luz da revelação, que alcançou a sua plenitude na encarnação do Verbo, eterna Palavra de verdade. A epifania celebra o aparecimento desta Luz divina no mundo, com a qual Deus Se encontrou com a fraca chama da razão humana.
Na solenidade dos Reis magos é proposta assim a íntima relação que se interpõe entre razão e fé, as duas asas de que dispõe o espírito humano para se elevar rumo à contemplação da verdade. Cristo não é só luz que ilumina o caminho do homem. Ele fez-Se também caminho para seus passos incertos rumo a Deus, fonte da vida: “Eu sou o caminho…”.
A epifania do Filho é também a epifania do Pai. A Igreja prolonga nos séculos a missão do seu Senhor: o seu primeiro empenho é fazer com que todos os homens conheçam o rosto do Pai, refletindo a luz de Cristo, a luz de amor, de verdade e de paz. Hoje todos nós temos mais do que nunca necessidade de experimentar a bondade divina, de sentir o amor de Deus por todas e cada uma das pessoas.
Unamo-nos aos reis Magos que se dirigem a Jerusalém para oferecem dons ao Rei recém-nascido. O verdadeiro dom, porém, é Ele: Jesus, o dom de Deus ao mundo. É Ele que devemos acolher para O levar, por nossa vez, a todos aqueles com quem nos encontrarmos no nosso caminho. Para todos Ele é a epifania, a manifestação de Deus, esperança do homem.
Que Maria, Mãe do Verbo encarnado, Virgem fiel, conserve a todos nós, nos proteja, para que sejamos missionários corajosos do Evangelho, manifestemos a todos Jesus, luz dos povos e esperança do mundo."

Dom Irineu Roque Scherer - Bispo Diocesano de Joinville/SC


(fonte: http://www.diocesejoinville.com.br)