sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Cinepipoca - “Batman, o cavaleiro das trevas ressurge”

Miguel Pereira* 
Os quadrinhos sempre foram uma paixão de crianças, jovens e adultos. Cada vez mais especializados e segmentados, sua produção atende a todos os gostos estéticos e preferências temáticas. Existem os fanáticos e os estudiosos desse fenômeno antigo que está alicerçado em duas premissas: a imagem como sugestão de enredos e a elaboração de mitos que costumam guiar a imaginação do humano desde a tenra idade. O mais curioso é que na era da imagem em movimento, esse poder continua vivo e deslizante para todas as mídias contemporâneas. Mas, há um fenômeno específico quando esse deslize vai parar no cinema. Uma magia oculta no sistema que elabora essas novas histórias dos mesmos heróis do passado está presente nesses filmes. As transformações de um simples mortal num poderoso justiceiro são agora realizadas por efeitos de credibilidade muito mais sofisticados, permitindo uma associação menos ingênua e também menos satírica, da que se observa nos mesmos personagens e filmes mais antigos. Por outro lado, esses novos efeitos, na maioria das vezes somente efeitos como tal, favorecem o que se poderia chamar de ¨humanização¨ desses heróis que, de certo modo, viram seres comuns do dia a dia das nossas sociedades. A ideia da mutação é bastante contemporânea e contém uma expectativa embutida na sua forma.

Esta última versão do Batman que ressurge tem todos esses ingredientes e Christopher Nolan os manipula muito bem. Diversão garantida para quem não se importa com barulhos excessivos e visualidades radicais. Aliás, Nova York continua sendo a maior vítima dessas destruições avassaladoras e sem consequências ecológicas, geográficas e urbanas. É como se o inferno temporário fosse redimido pela ação estrambótica dos heróis que voltam sempre à forma humana depois dessas aventuras mirabolantes. Não se pode esperar muito de uma produção cinematográfica que traça seus limites e virtudes de forma bastante comum. Talvez possa se dizer que não há nada de novo nas aventuras dos cultuados super-heróis dos quadrinhos de todas as gerações. Avanços técnicos são, sem dúvida, importantes e até atuam sobre a concepção estética desses filmes, criando um legítimo fascínio sobre essas produções que acabam agradando aos amantes dos quadrinhos.

Portanto, Batman, o cavaleiro das trevas ressurge, do competente e esperto canadense Chistopher Nolan, que se tornou um especialista nesse gênero de filmes, encanta alguns e desencanta outros. É ver para crer.

* Professor da PUC-Rio e crítico de cinema

* Fonte: Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro