O Papa Francisco demonstrou inúmeras vezes que lhe agrada estar ao lado de seu rebanho: ‘sentir o cheiro da ovelha’. Durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, em 2013, não foi diferente. Muitos tiveram a oportunidade de ficarem próximos ao Santo Padre.
Uma dessas ‘ovelhas’ que o conheceram foi o diácono permanente Vicente Freitas da Silva. Por uma casualidade, encontrava-se com sua filha e neto em uma das casas que Francisco visitara na comunidade da Varginha, no Complexo de Maguinhos.
Após dois anos do encontro, o diácono se recorda, com emoção, de dois momentos: quando o pontífice abraçou e abençoou seu neto e quando segurou o crucifixo que o Papa beijou, antes de receber e fazer a persignação nele.
“Por tudo isso, tenho uma gratidão muito grande pela Divina Providência, por ter proporcionado a mim e a minha família esse encontro com o Santo Padre”, afirmou o diácono.
Papa em Manguinhos
Durante a JMJ no Brasil, o Papa Francisco visitou, no dia 25 de julho, a comunidade da Varginha, no conjunto de favelas de Manguinhos, no subúrbio do Rio. Durante a caminhada, ele conversou e abençoou os moradores que o aguardavam em frente às portas das casas, conheceu a Capela São Jerônimo Emiliano, situada na comunidade, e promoveu um encontro ecumênico com fiéis de uma igreja Assembleia de Deus que estava em seu caminho, rezando junto com eles a “Oração do Pai Nosso”.
Em seu discurso aos moradores, realizado em um campo de futebol de terra, Francisco agradeceu por ter sido “bem acolhido, com amor, generosidade e alegria”.
Trabalho
Provisionado na Paróquia Nossa Senhora de Bonsucesso de Inhaúma, em Bonsucesso, diácono Vicente desenvolve um trabalho solidário e de evangelização com as famílias que moram no entorno da capela que o pontífice visitou, além de visitar os enfermos no Hospital Geral de Bonsucesso.
Através de reuniões de Círculos Bíblicos, ele consegue levar fé para a comunidade marcada pela violência. Um dos frutos de que mais se orgulha é a realização de mais de 70 casamentos religiosos de casais que ainda não tinham este sacramento e que principiaram a partir desses encontros.
O diácono contou que após a visita do Papa houve um aumento significativo de moradores nas missas e nos encontros de Círculos Bíblicos, mas que, sempre é preciso um novo impulso na fé das pessoas.
“A comunidade é muito carente, vive entre a violência e a fé. É um desafio muito grande, mas isso nos estimula a trabalhar mais, por causa da resposta e da acolhida das famílias”, comentou ele.
Caminhada de fé
No dia 15 de agosto, diácono Vicente dará mais um passo em sua caminhada de fé: ele e mais dois diáconos permanentes, Luiz Francisco Costa e Jair de Freitas Guimarães, serão ordenados padres na Paróquia Cristo Redentor, em Laranjeiras, às 15h.
De acordo com as leis canônicas, quando viúvo, um diácono permanente pode se tornar padre se obter autorização do Conselho de Presbíteros de sua diocese, e ter a certeza absoluta de sua vocação ao presbiterato.
“Assim que meu filho entrou para a catequese, o pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em Bonsucesso, onde frequentava, me convidou para ser representante dos pais dos catecúmenos. Depois, ele me convidou para ser catequista de adultos. Daí, o pároco Adam Kovallik me convocou para ser ministro da Eucaristia e também para me tornar diácono permanente. Em 2009, por ocasião do falecimento de minha esposa, padre José Brito Terceiro me sugeriu que eu aceitasse o sacerdócio”, contou o diácono.
No primeiro pedido de ordenação, houve recusa por parte da Cúria Romana. Foi então que Papa Francisco entrou mais uma vez em seu caminho. O arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, reenviou a solicitação ao pontífice, que veio afirmativa. “Venho caminhando junto e por causa de Jesus Cristo, num processo de crescimento e amadurecimento: vão aparecendo as oportunidades e vou aceitando. Estou muito feliz pelos acontecimentos, conduzidos pela mão de Deus”, concluiu ele.
Foto: Gustavo de Oliveira
Foto: Gustavo de Oliveira
Fonte: ArqRio