São Vítor - o Mouro
Século III e IV
Vítor, o Mouro, era africano natural da Mauritânia. Cristão desde criança,
quando adulto ingressou no exército do imperador Maximiano. Quando este desejou
sufocar uma rebelião na Gália, atual França, recrutou, então, um grande
contingente de homens do Oriente e do norte da África.
O destacamento em
que veio Vítor se estabeleceu em Milão, na Itália. Entretanto o imperador exigia
que todos os soldados, antes de irem para a batalha, oferecessem sacrifícios aos
deuses pagãos do Império. Os que se recusavam eram condenados à morte.
Pois Vítor se recusou, mantendo e reafirmando sua fé cristã a cada ordem
recebida nesse sentido. Ele foi levado ao tribunal e interrogado. Confessou
novamente sua doutrina, entretanto, renovando sua lealdade ao imperador, quanto
às ordens militares. O soldado Vítor, mesmo assim, foi encarcerado, permanecendo
por seis dias sem comida ou água.
Essa cadeia onde ficou, ao lado da
Porta Romana, até hoje é tristemente conhecida como o cárcere de São Vítor.
Findo esse prazo, Vítor foi arrastado pelas ruas da cidade até o hipódromo do
Circo, situado junto à atual Porta Ticinense, onde, interrogado novamente pelo
próprio imperador, se negou a abandonar sua religião. Foi severamente flagelado,
mas manteve-se firme. Levado de volta ao cárcere, teve as feridas cobertas por
chumbo derretido, mas o soldado africano saiu ileso do pavoroso castigo.
Rapidamente Vítor se recuperou e, na primeira oportunidade, fugiu da
cadeia, refugiando-se numa estrebaria junto a um teatro, onde hoje se encontra a
Porta Vercelina. Acabou descoberto, levado a uma floresta próxima e decapitado.
Era o dia 8 de maio de 303.
Conta a tradição milanesa que seu corpo
permaneceu sem sepultura por uma semana, quando o bispo são Materno o encontrou
intacto e vigiado por duas feras. Ali mesmo foi construída uma imensa igreja, a
ele dedicada. Aliás, não é a única. Há, em Milão, várias outras igrejas e
monumentos erguidos em sua homenagem, mas o mais significativo, sem dúvida, é o
seu cárcere.
Vítor é um dos santos mais amados e venerados pelos
habitantes de Milão. Tendo sido martirizado naquela cidade, sua prisão e seu
martírio permanecem vivos na memória do povo, que sabe contar até hoje,
detalhadamente, seu sofrimento, apontando com precisão os locais onde as tristes
e sangrentas cenas aconteceram no início do século IV.
O culto ao mártir
são Vítor, o Mouro, se espalhou pelo mundo católico do Ocidente e do Oriente,
sendo invocado como o padroeiro dos prisioneiros e exilados.
Fonte: www.paulinas.org.br