Comentário ao Evangelho do dia feito por Homilia atribuída a São Gregório o Taumaturgo (c. 213–c. 270), bispo
Homilias sobre a sagrada Teofania, 4; PG 10, 1181
Homilias sobre a sagrada Teofania, 4; PG 10, 1181
«Não sou digno de me inclinar para Lhe desatar as correias das sandálias»
[«Então veio Jesus da Galileia ter com João ao Jordão para ser baptizado por ele. João opunha-se, dizendo: 'Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por Ti'» (Mt 3,13-14)]. Na Tua presença, Senhor Jesus, não posso calar-me, porque sou a voz, a voz que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor. Sou eu que tenho necessidade de ser baptizado por Ti e Tu vens a mim? [...] Tu que eras no princípio, Tu que estavas em Deus e eras Deus (Jo 1,1); Tu que és o resplendor da glória do Pai e a imagem da Sua substância (Heb 1,); Tu que, quando estavas no mundo, vieste aonde já estavas; Tu que Te fizeste carne a habitaste entre nós (Jo 1,14; 14,23), e que tomaste a condição de servo (Fil 2,7); Tu que uniste a terra e o céu pelo Teu santo nome – és Tu que vens a mim? Tu que és grande, ao pobre que eu sou? O Rei ao precursor, o Senhor ao servo? [...]
Conheço o abismo que separa a terra do Criador. Sei que diferença há entre o pó da terra e Aquele que o modelou (Gn 2,7). Sei quão longe está de mim o Teu sol de justiça, de mim que sou apenas a lâmpada da Tua graça (Mal 3,20; Jo 5,35). E, embora Te encontres revestido pela nuvem puríssima do Teu corpo, reconheço a minha condição de servo e proclamo a Tua magnificência. «Não sou digno de me inclinar para Lhe desatar as correias das sandálias.» Como ousaria então tocar o alto imaculado da Tua cabeça? Como ousaria estender a mão para Ti, que «estendeste os céus como um pavilhão» e que «estendeste a terra sobre as águas» (Sl 103,2; 135,6)? [...] Que oração farei sobre Ti, que até as preces daqueles que Te ignoram acolhes?
Conheço o abismo que separa a terra do Criador. Sei que diferença há entre o pó da terra e Aquele que o modelou (Gn 2,7). Sei quão longe está de mim o Teu sol de justiça, de mim que sou apenas a lâmpada da Tua graça (Mal 3,20; Jo 5,35). E, embora Te encontres revestido pela nuvem puríssima do Teu corpo, reconheço a minha condição de servo e proclamo a Tua magnificência. «Não sou digno de me inclinar para Lhe desatar as correias das sandálias.» Como ousaria então tocar o alto imaculado da Tua cabeça? Como ousaria estender a mão para Ti, que «estendeste os céus como um pavilhão» e que «estendeste a terra sobre as águas» (Sl 103,2; 135,6)? [...] Que oração farei sobre Ti, que até as preces daqueles que Te ignoram acolhes?