Alguns
pesquisadores têm verificado a importância da religião para a saúde de
indivíduos. Apesar de vivermos numa sociedade materialista incentivadora do
consumismo, e que empresas pressionam via marketing agressivo e, muitas vezes,
não ético, o consumo de supérfluos e alimentos artificializados, uma minoria da
população não sucumbe à tal pressão e vida artificializada. Sabe-se que saúde
depende de coisas simples, alimentos não processados industrialmente,
vida no campo, relações humanas afetivas éticas moralmente, sem competição,
pelo contrário, compartilhando e praticando espiritualidade.
Já
por 30 anos, centenas de estudos realizados por diferentes cientistas, que
investigaram em diferentes populações, em diferentes povos, revelaram a
existência da conexão entre envolvimentos religiosos, melhor saúde física e
maior longevidade.
Cientistas
da Duke University sugeriram que há a possibilidade de que envolvimentos
religiosos possam afetar positivamente a saúde física através de mecanismos
neuro-endócrinos e imunes, ou seja, a fé religiosa produziria efeitos no
sistema nervoso, em glândulas e no sistema imunológico humano. Já Bruce Rabin,
da University of Pittsburgh, mostrou que crenças e atividades religiosas podem
influenciar o sistema nervoso simpático, melhorando e aumentando seu
funcionamento, ajudando, assim, a diminuir o estresse e melhorar a
sociabilidade.
O
cérebro e o sistema imunológico (que defende nosso corpo contra agentes
estranhos como vírus e certas bactérias) podem estimular ou inibir um ao outro.
Células do sistema imunológico produzem uma substância chamada “citoquina”, a qual
estimula uma área do cérebro chamada “hipotálamo” através da corrente sanguínea
ou dos nervos. Um hormônio, o CRH, produzido no hipotálamo, ativa uma cascata
de reações hormonais, no eixo que vai do hipotálamo, passando pela glândula
pituitária no cérebro, até a glândula suprarenal. Isto libera, por exemplo, o
hormônio cortisol, que pode reprimir o sistema imune.
O
CRH atuando no cérebro, estimula o sistema nervoso simpático o qual inerva
órgãos do sistema imune e regula respostas inflamatórias no corpo. Problemas
nestas conexões hormonais conduzem à maior susceptibilidade para doenças e
complicações imunes.
Ronald
Herberman, da University of Pittsburgh Cancer Institute, um dos
descobridores das células NK (natural killer cells ou células matadoras
naturais) do sistema imune, fez uma revisão dos estudos que revelam as conexões
entre estresse social e psicológico sobre a atividade das células NK, cujo
estrese pode explicar como fatores psicosociais influenciam a susceptibilidade
para o câncer e como afetam o seu desenvolvimento.
Na
década de 70 era não raro ouvir-se falar de uma cirurgia chamada “vagotomia”,
que é o corte cirúrgico de um nervo chamado “vago”. O cirurgião, na vagotomia,
corta este nervo de forma que interrompe a corrente dos estímulos nervosos
(eletroquímicos) dirigida aos órgãos por onde ele passa e se comunica. É como
se você cortasse o fio que vai da TV à tomada na parede. O que ocorre? A TV não
liga. O nervo vago é também chamado de “pneumogastroentérico”. Pneumo tem que
ver com os pulmões; gastro tem que ver com estômago e entérico com os
intestinos.
Este
nervo, portanto, segue uma trajetória desde o cérebro, passando pelos pulmões,
estômago e chegando aos intestinos. Uma pessoa muito nervosa emocionalmente,
estimula demais este nervo e, assim, pode ter reações desagradáveis ou
disfuncionais nos pulmões, estômago e/ou intestinos. Cirurgiões, então, usavam
(usam) a vagotomia para melhorar ou tentar resolver tais reações físicas nestes
órgãos, nas pessoas nervosas ou muito ansiosas. Mas será que resolve, se a
pessoa permanece nervosa sem aprender a lidar com suas emoções que afetam estes
órgãos?
Hoje
sabe-se que a prática de princípios religiosos como o perdão, a compaixão, a
fé, a esperança, entre outros, “acalmam” os nervos, por liberar hormônios como
acetilcolina, endorfina, serotonina, etc., produzindo relaxamento muscular,
serenidade, ajudando o corpo físico, melhorando a digestão e absorção de
nutrientes, facilitando o sono reparador, aliviando dores físicas, corrigindo a
hipertensão arterial e diminuindo a ansiedade.
Fonte:
Jornal "O Estado do Paraná" (28/08/2009).